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O que a TV perde com a saída de Faustão da TV Globo?

Publicado em

22/06/2021 15h15

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Opinião

Após 32 anos mandando no domingo, Fausto Silva encerrou – de forma embaraçosa – seu contrato com a Globo. O apresentador que é capaz de fazer os mais sonolentos telespectadores despertarem e é rei do faturamento publicitário por anos, está se aposentando – da Globo, apenas.

Talvez não saiba, mas você também adora o Faustão!

Em 2018, quando morei em Lisboa, os domingos sem o Faustão ficaram mais tristes – eu jamais imaginaria isso. Ligar a TV e deixar o Faustão falando sozinho enquanto me preparava para semana, sem saber, era um ritual.

Agora, com sua saída, fica a missão para o Luciano Huck de substituí-lo. E esta tarefa não impacta apenas a emissora, mas também aos patrocinadores, que tem altos retornos quando ligados ao apresentador.

Exemplo disso foi quando Fausto, de forma espontânea, surpreendeu a todos, inclusive o anunciante Vigor, e comeu ao vivo um iogurte grego, dando ainda maior credibilidade ao anúncio. Imediatamente, a ação viralizou e a Vigor nunca vendeu tanto grego como naquela semana.

Inclusive, segundo o jornalista Leo Dias, estima-se que a colherada e outras inserções desse estilo no Domingão do Faustão custam em torno de R$ 1,2 milhão por programa.

Mais quais são os motivos que o mantiveram no topo por tantos anos?

Faustão sempre soube que TV se fazia para massa. Para dona Maria e seu João. A audiência e a capacidade de falar para todas as classes sociais fizeram dele não apenas um comunicador de sucesso, mas um brilhante vendedor.

Dono do maior salário do entretenimento da Globo – segundo o DCI, Fausto embolsava um salário de R$ 5 milhões por mês -, ele, além de ser para vários anunciantes uma opção prioritária na venda de produtos, tem, como figura física, uma ótima relação com agência e representantes do meio publicitário.

Um comunicador que nunca se rendeu às redes sociais e sempre foi muito recluso sobre o assunto. O seu sucesso é único e exclusivamente por sua presença na TV. Apenas Silvio Santos segue esse mesmo caminho – e convenhamos, se manter no topo, sem o apoio e impulso da internet, é realmente apenas para os grandes.

Será que isso representa o fim de uma era em que os apresentadores da casa tinham autonomia para falar o que quisessem, mesmo quando tocavam em assuntos delicados para a direção da empresa, como posicionamentos políticos?

Resta saber onde a Globo vai arrumar um projeto que garanta o faturamento que o Domingão, com este apresentador, alcançou até hoje.

Por ora, ficarão as lembranças. Como não lembrar da churrasqueira que pegou fogo ao vivo em 1994? Como não rir dos memes e do romance criado pela internet do apresentador com a cantora americana Selena Gomez? Das suas quedas ao longo de todos esses anos?

Vida longa à Faustão…

 

Caio Tacconi

Head of Marketing & Digital do Grupo H.

Profissional de Marketing & Digital com mais de 10 anos de experiência em grandes empresas e agências de comunicação. Atuou na Petrobras e UNICEF, além de atender, por exemplo, a PC Sistemas do Grupo TOTVS, VTEX, e as multinacionais, Boston Scientific e MC Bauchemie. Nos últimos anos, tem se dedicado ao growth marketing. Formado em direito e jornalismo pela Unicap, concluiu matemática pelo método japonês Kumon e é pós-graduado em marketing digital pela Universidade Lusófona de Lisboa.