Influência

Novos tempos exigem (mais) do que novas atitudes. Você está preparado?

Publicado em

12/09/2020 08h00

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Com problemas complexos, novas competências são exigidas dos profissionais

 

Para quem não pôde conferir as palestras ministradas no lançamento do Nosso Meio, reunimos aqui o conteúdo apresentado pela nossa convidada, Gisella Schulzinger, sócia-fundadora da Haus – Cultura de Inovação com Propósito. 

 

Mestranda em Comportamento do Consumidor e formada em Comunicação pela ESPM, Gisella nos incitou a refletir sobre os novos tempos, que exigem (mais) do que novas atitudes. E esses novos tempos não iniciaram agora, com a pandemia, como muitos têm dito, mas há alguns anos. “Estamos na era pós-moderna, não por conta da Covid-19, mas porque estamos vivendo tempos bem diferentes, onde a realidade é líquida, incerta, complexa e volátil, como define muito bem Zugmunt Bauman”, afirma.  

 

A grande questão é que não estamos acostumados, segundo ela, a não ter controle sobre tudo, mas as transformações que estão acontecendo nos obrigam a pensar e agir diferente – e a pandemia veio reforçar isso, e acelerar novidades que estavam previstas para o futuro. 

 

Para exemplificar, Gisella diz que no início do ano ela defendia que o trabalho não seria mais um lugar para onde você vai, mas sim algo que você estará conectado não importa onde você esteja. “Essa frase já ficou no passado, porque isso se tornou realidade”, afirma. 

 

Segundo a palestrante, não vai ter mais um “template”. Os processos, os problemas e as soluções precisam ser repensados totalmente, e não apenas adaptados para o presente. Se os problemas complexos, novas competências são exigidas. Termos como design thinking, sprint, Empresa B, Colaboração, IOT, Startup, Blockchain, MVP, Economia Circular, API, KPI, Squads, redes, impacto, Moonshot, UI, UX, AI, Criptomoeda, ecossistema, Growth Hacking, Venture Capital, isso tudo não é mera modinha. “São competências que precisamos ter, principalmente com criatividade e visão sistêmica. Não basta ouvir falar, mas é preciso ir atrás desses assuntos, entendendo o que esses temas têm a ver com sua empresa, com sua profissão, com o seu negócio”, defende. 

 

O desafio para as instituições é alinhar competências básicas da empresa com as novas exigências da sociedade. Um bom exemplo disso é a IBM, que entendeu a necessidade de responder ao que a sociedade buscava, e então passou de empresa de hardware para uma empresa de software. 

 

Planejamento com flexibilidade

Diante de um cenário onde praticamente a única certeza é a mudança, como as organizações vão se planejar para daqui a dois anos? Gisella afirma que as empresas de Comunicação estavam acostumadas a fazer planejamentos estratégicos “para dar certo”, e de repente precisaram mudar tudo. A grande dica, segundo ela, é pensá-lo com alguma flexibilidade. Exemplos: durante a pandemia, a Magazine Luiza criou plataforma de vendas grátis para autônomos e empresas, mas o detalhe é que ela já vinha se preparando para isso, não fez tudo da noite para o dia. A crise apenas acelerou o projeto que já existia, mas que demoraria cinco meses para ficar pronto. Fizeram em cinco dias, mesmo correndo o risco de enfrentar alguma instabilidade no sistema. 

 

“Você pode estar pensando: ah, mas estamos falando da Magazine Luiza, e eu lhe digo que independentemente do tamanho do negócio, é preciso estar se preparando para as mudanças”, alerta. 

 

Mercado versus Ecossistema de Negócios

Em sua palestra, Gisella Schulzinger fez uma provocação às agências de Comunicação: como estamos inseridos nessa nova dinâmica de mercado, que congrega tantos novos conceitos, como ecossistema de negócios, coworkings, startups, escolas de inovação, universidades, eventos, redes de mentoria, portais de conteúdo, incubadoras e aceleradoras?

 

Segundo ela, não dá pra ignorar todo este contexto, ao contrário, é preciso estar perto, entender como funciona e se relacionar com estas novas formas de oferecer soluções. “O que temos que pensar hoje é: que problemas vocês estão resolvendo dos seus clientes? Se você deixasse de existir, o que seu cliente iria perder? Solucionar problemas reais é o desafio”, analisa.  

 

Outra reflexão importante levantada pela palestrante é em relação à concorrência, que já não é mais restrita a produtos e serviços, mas de modelo de negócio. A Omo, por exemplo, está testando o projeto Omo Express, para instalar lavanderia em condomínios – adiantando um processo, olhando para fora, vendo a questão da sustentabilidade, de economia de água, etc. 

 

As marcas, agora, estão com uma nova missão, de impulsionar questões que a sociedade exige. Não é só gerar lucro, mas sim gerar valor. É a era da transparência radical, da ética, da governança. “Transparência e ética não podem estar apenas no discurso, na retórica. Se diz que é inovador, você tem que ser”, alerta. 

 

Por fim, Gisella fala do novo dicionário das instituições. Os conceitos se ampliaram ou mudaram totalmente: mercado versus ecossistema, comprador versus usuário, linearidade versus circularidade,  produto versus experiência, posse versus acesso, missão versus propósito, comando e controle versus autonomia, individual versus coletivo, geração de lucro versus geração de valor, indiferença versus empatia, resultado versus impacto, respostas certas – perguntas certas. 

 

Finalizando, ela deixa uma pergunta certa: “Quando a pandemia passar, o que você terá feito?”.