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Museu da Fotografia de Fortaleza: exemplo de democratização da arte na capital cearense

Publicado em

19/08/2021 08h00

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Neste Dia da Fotografia, conheça a instituição que promove ações educativas como forma de fomentar o acesso à cultura, alcançando de crianças a idosos

 

Um dos conceitos mais inspiradores da história da fotografia é o “instante decisivo”, criado em 1952 pelo pioneiro do fotojornalismo moderno, Henri Cartier-Bresson. Qual o momento certo de pressionar o obturador da sua câmera para registrar a composição perfeita entre elementos visuais e emocionais de uma imagem? Estética, memória, história, construção da realidade: tudo perpassa uma fotografia, a captura de um instante único, fugaz e significativo, que envolve movimento e ação.

 

O empresário e colecionador Sílvio Frota resolveu compartilhar o encantamento por essa forma de expressão que alterou o rumo da arte no mundo. Assim, em 2017, inaugurou o Museu da Fotografia de Fortaleza (MFF), com um dos acervos mais importantes do país. São cerca de 3.500 obras de grandes nomes da fotografia mundial como o próprio Cartier-Bresson, mas também Robert Capa, Man Ray, Otto Stupakoff, Marc Ferrez, Miguel Rio Branco, Maureen Bisilliat, Claudia Andujar, Jean Manzon, Pierre Verger, Nobuyoshi Araki, Margaret Bourke-White e muitos outros. O MFF surgiu da necessidade de difusão do conhecimento acerca da arte fotográfica, através da coleção do Instituto Paula e Silvio Frota, e da democratização do acesso à cultura.

 

São três andares de exposição, dois de mostras permanentes e um de mostra temporária, que muda a cada três meses para exibição de trabalhos fotográficos nacionais e estrangeiros. O espaço ainda conta com palestras semanais, oficinas diárias e sessões de cinema de arte. Um dos destaques da instituição é o apreço pelo trabalho educativo, que movimentava até 250 crianças de escolas públicas por dia e alcançou cerca de 160 mil pessoas – até antes da pandemia.

 

Tomaz Maranhão, produtor cultural do MFF, conta que a ideia é “envolver pessoas em vulnerabilidade social, promovendo uma ampliação da perspectiva de vida, e uma vivência direta com a arte-educação. Também é nosso objetivo fomentar o ensino por meio da fotografia, tornando-a uma extensão da sala de aula no que se refere às propostas pedagógicas. Acreditamos que a arte aliada à educação promove ricas experiências e, consequentemente, transformações de realidades”, ressalta.

 

O MFF executa vários projetos sociais. Dentre eles, destaca-se o Projeto Despertando Olhares, que tem forte ação nas unidades correcionais e funciona com aulas de fotografia para os jovens que cumprem pena, auxiliando na ressocialização. Para isso, o setor educacional do Museu vai até as unidades levando todos os materiais necessários para a execução das atividades e, lá, ensinam a fotografia pinhole, a montagem da câmera obscura e a fotografia digital através de uma sequência de encontros semanais com as turmas. 

 

O MFF também promove bem-estar às crianças internadas em enfermarias hospitalares, com atuação em vários hospitais nas cidades de Fortaleza, Belém, Recife, Salvador e Feira de Santana. São realizadas ações lúdicas que envolvem fotografia, desenho e pintura enquanto as crianças faziam seus tratamentos, tornando o ambiente hospitalar mais leve e menos doloroso para os pequenos e seus acompanhantes. No mesmo sentido, há o atendimento a idosos, levando-os até o Museu para participar de visitas educativas, promovendo a oportunidade de lazer, diversão e arte com o intuito de reduzir os quadros de depressão que atingem fortemente as pessoas idosas em situação de extrema vulnerabilidade. 

“Esses e outros projetos estiveram parados durante a pandemia, devido às restrições necessárias para a proteção de todo o público e de nossos colaboradores. Hoje, estamos nos reestruturando para reativar todos os nossos projetos sociais, efetivando a retomada aos atendimentos com todos os cuidados possíveis”, enfatiza Tomaz Maranhão. Uma das maneiras do MFF se reinventar na pandemia foi propondo atividades para o interior do Estado, com foco em comunidades rurais. Assim, cidades do sertão nordestino também estão sendo contempladas com produção de exposições fotográficas e promoção de oficinas.

 

E qual a finalidade de tudo isso? Tomaz Maranhão explica: “nossa missão é transformar de forma positiva a vida de pessoas que se veem diante de diversos obstáculos para chegar num equipamento cultural. E isso nós buscamos fazer através da arte, da cultura e das nossas ações sociais. Na prática, enviamos ônibus para escolas e asilos, levamos nossa equipe para hospitais e lugares de difícil acesso, como as comunidades rurais do sertão, tudo para impactar vidas através da arte”.

O Museu da Fotografia de Fortaleza já está de portas abertas para visitação presencial. O funcionamento acontece de terça a domingo, de 12h às 17h no endereço Rua Frederico Borges, 545, Varjota, Fortaleza – CE.

 

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