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Entrevista com Danilo Scatigno, Diretor de Criação da Advance Comunicação em São Paulo

Publicado em

07/01/2021 08h00

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Danilo Scatigno é redator publicitário com 19 anos de experiência na área, mestre e Doutorando em Comunicação e Práticas de Consumo pela ESPM e Ex-professor da Miami Ad School. Já atuou nas agências Mullen/Lowe, LeoBurnett TailorMade e Fischer América. Fez trabalhos para Unilever, Johnson & Johnson, CAIXA Econômica Federal, Ministério da Saúde, Stella Artois, Rede Globo, Natura, entre outros. Foi premiado no Wave Festival, Luerzer’s Archive, Best Ads On TV, Revista Shots Edição Especial Cannes 2012 e já foi jurado da Associação de Profissionais de Propaganda APP em dois festivais.

1. Como surgiu o desejo de seguir a carreira da Publicidade e Propaganda?

A publicidade brasileira sempre foi muito criativa e envolvente, lembro que nos anos 90 eu continuava na sala durante o intervalo da TV para ver as propagandas. Eram muito divertidas, com roteiros inteligentes e eu chegava a me emocionar com várias delas. Numa época como essa que estamos vivendo agora, o Natal, por exemplo, as peças publicitárias eram muito bonitas e inusitadas. Eu ficava intrigado com aquilo. Enxergava o fazer publicitário como uma profissão artística, artesanal e até exuberante. Foi isso que me encantou naquela época e me encanta até hoje.

 

 

2. Você atua há quase 20 anos no mercado criando campanhas publicitárias para grandes marcas, o que é determinante para elaborar uma campanha de sucesso?

É preciso entender o consumo como uma prática social, um fenômeno complexo que não pretende satisfazer apenas nossas necessidades de abrigo, alimentação, vestuário, recreação e paz de espírito. Tampouco uma fútil vontade de exibir-se aos demais. Não. O indivíduo, para pensar racionalmente, precisa que haja todo um universo inteligível com marcas visíveis. Ou seja, possuir bens significa ter comida e abrigo, sim, mas há também outros usos desses bens, como estabelecer e manter relações sociais. O indivíduo usa o consumo para dizer alguma coisa sobre si mesmo, sua localidade, família, amigos. O consumo serve para pensar também, colocar em ordem nosso universo pessoal, nossa identidade. Quando decoramos a sala de estar da nossa casa com determinados objetos e não outros, estamos de fato construindo a nós mesmos. E também como queremos que as pessoas nos enxerguem. Creio que entender isso é fundamental para qualquer publicitário que deseja criar uma campanha vitoriosa. E a maneira pela qual ele começa esse processo criativo é a busca de uma ideia baseada nesse entendimento do que é verdadeiramente o consumo. Dessa forma ele consegue revestir os produtos e serviços de uma dimensão simbólica capaz de persuadir o seu público-alvo.

 

 

3. Entre os trabalhos que foram destaques e premiados durante sua carreira, quatro filmes foram publicados na revista alemã Lürzer’s Archive e no site australiano Best Ads On TV. O que representa para a carreira do publicitário esse reconhecimento?

A Publicidade é um mercado pequeno, não existem tantos redatores e diretores de arte como existem advogados, dentistas, engenheiros. Então, todo mundo se conhece.  E pelo fato de o nosso trabalho estar sempre em evidência nas mais diversas mídias, acabamos naturalmente admirando ou criticando o trabalho dos nossos pares. Por vezes, até invejando, como é o caso dos trabalhos premiados. É duro ver uma ideia simples e genial de um colega ganhar um reconhecimento maior que o seu. Essa competitividade é muito saudável, ao meu ver, tanto para o criativo como para as agências, os clientes e até para os consumidores. Quem não gosta de ver uma boa propaganda ao invés de mais do mesmo?

 

 

4. Atualmente você é Diretor da Advance Comunicação em São Paulo, quais os desafios em assumir a gestão de uma agência em outro estado?

A Advance tem clientes nacionais com sede em São Paulo: Abrafarma, Helbor, SAS, Fibra… E alguns clientes também têm escritórios aqui, como a Pague Menos e a Angola Cables. Por serem clientes da agência, alguns há muitos anos – e por eu ter criado já várias campanhas para eles -, há uma etapa aí já vencida, que é a de conhecer suas particularidades. A contribuição dessa gestão paulistana vem no sentido de reforçar o cuidado que a agência tem com cada cliente, sempre trazendo ferramentas de comunicação de última geração e um atendimento mais próximo e ágil. Além disso, há novas oportunidades de negócios que podemos oferecer a esses clientes por estarmos com uma equipe dedicada a eles em São Paulo. Assim como também temos outros clientes, regionais, que podem se permitir avançar no principal mercado consumidor do Brasil contando com o nosso apoio.

 

 

5. Explica o que é essa ampliação da Advance e quais objetivos dela?

Contratamos uma diretora de arte recentemente e estamos planejando uma ampliação na equipe paulistana para 2021. Queremos conquistar novas contas no mercado de São Paulo e já estamos trabalhando para atingir esse objetivo. O mercado daqui tem suas particularidades, processos internos específicos, prazos diferentes e um modo específico de se conduzir a criação e a produção de uma campanha nacional. Minha experiência nesse mercado e meu relacionamento com os fornecedores daqui ajudarão bastante nesse processo. Trabalhei quase minha carreira inteira em São Paulo, tendo apenas uma passagem de três anos em Fortaleza, justamente na Advance. Uma experiência excelente que me trouxe o entendimento do que é a agência em sua essência. E por ela ser assim tão ousada e sempre na vanguarda do mercado publicitário brasileiro é que aceitei esse desafio.

 

 

6. Como a agência em São Paulo é estruturada?

Atualmente somos em duas pessoas aqui em São Paulo. Eu e uma diretora de arte, a Larissa. Trabalhamos no formato home office enquanto os efeitos da pandemia ainda não diminuem de fato no Brasil. Mas em Fortaleza contamos com toda uma equipe trabalhando conosco em cada job. Temos toda a estrutura de uma agência. E não é qualquer agência, é a Advance. Em 2021, com a previsão da vacinação em massa concluída, devemos procurar um espaço físico, ao menos para ser uma base para encontros e reuniões, um local inspirador e confortável, como é a sede da Advance em Fortaleza, em frente ao Dragão do Mar.

 

 

7. A Advance investiu em um modelo “full service”, qual diferencial desse formato em nosso mercado?

Nossos clientes não querem apenas vender, mas construir marcas fortes e saudáveis. Já não é de hoje que eles perceberam que isso se dá de forma mais efetiva quando suas demandas passam por um atendimento que entende suas necessidades e anseios. Depois, por um planejamento estratégico que posiciona suas marcas no mercado de forma eficaz, e, por último, por uma criação que lhes confere um revestimento simbólico que toca corações e mentes dos consumidores. Ignorar essa expertise é fazer mal ao desenvolvimento da sua própria marca. Portanto, é uma demanda dos próprios clientes e prospects que a Advance possa oferecer esse serviço “full time”. Estar na linha de frente com nossos clientes no que eles precisarem também é uma forma de marcar nossa relevância na construção das suas marcas. Já atuamos na produção de eventos há anos, depois entramos de cabeça no digital e recentemente no desenvolvimento de dados. E se vierem mais novidades tecnológicas por aí, que façam com que as marcas dos nossos clientes evoluam e ganhem cada vez mais potência e relevância em seus mercados, a Advance vai absorvê-las e ser a melhor opção dentre as demais do mercado para atendê-los. Não só porque é uma característica da agência vencer os desafios dos novos tempos, mas porque não abrimos mão do nosso know-how de 25 anos construindo marcas. Nossos clientes também não abrem mão disso, com certeza.

 

 

8. Com abertura de uma nova unidade é preciso adquirir novos integrantes para compor o time, qual perfil o profissional de comunicação precisa ter para atuar nesse mercado?

Sem sombra de dúvida: comprometimento e proatividade. Comprometimento para cumprir o que dele é esperado. E proatividade para ele nos mostrar tudo aquilo que nós não estávamos esperando dele. Claro que muitas outras habilidades são necessárias, até porque a comunicação é uma atividade multidisciplinar. É imprescindível, por exemplo, que o candidato tenha um olhar detalhista sobre muitos aspectos da vida cotidiana, afinal, as narrativas publicitárias que mais provocam a persuasão dos consumidores são aquelas que mais se aproximam da realidade deles.

 

Outro ponto importante a ser ressaltado é que espera-se desse profissional uma mente aberta e em sintonia com as transformações sociais desta última década. Foram muitas e é preciso que ele tenha assimilado os avanços pois a publicidade é caudatária deles.