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Entrevista com Ana Vladia Barreira, especialista em registro de marcas e patentes

Publicado em

10/06/2022 10h59

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Em entrevista para o Nosso Meio, Ana fala sobre a alegria em ver a força de diversas marcas nordestinas, mas lembra da importância de uma marca estar devidamente registrada e em como o registro precisa se tornar prioridade logo no surgimento da marca. 

 

“O meu objetivo agora é que a preocupação com a marca venha em primeiro lugar, venha no nascimento da ideia, para que os empreendedores não precisem sentir a dor de mudar suas marcas depois que estão familiarizados, apaixonados e conhecidos por elas”, enfatiza.

 

Porém, a atenção não deve ser voltada apenas para o registro, depois disso a marca deve continuar sendo protegida.

 

“Muitos acham que registrar uma marca é tarefa simples e que também após o registro não há nada mais há se fazer. Esse é um grande engano. É com essa visão que muitos empreendedores acabam perdendo a sua marca. Nosso papel também é de, além do registro, fazer o acompanhamento durante o período de vigência dele, para que nenhuma surpresa venha ocorrer durante esse processo. Em resumo, com o nosso escritório, o empreendedor fica livre para fazer a gestão do seu negócio sem se preocupar com a sua marca. Essa preocupação e cuidado é nosso”, completa Ana.

 

Para entender mais sobre a temática, confira a entrevista exclusiva com Ana Vladia Barreira, CEO do escritório Auriz Barreira.

 

NOSSO MEIO: Você relatou que ainda se tem muito o que fazer sobre o registro de marcas. Muitas empresas perdem a marca por falta de registro. Poderia explicar o motivo  das empresas colocarem o registro da marca em segundo plano?

 

ANA VLADIA: Penso que seja pelo fato de o registro da marca não ser obrigatório. Entretanto uma marca sem registro é uma marca sem dono, podendo ser copiada ou registrada pelo concorrente ou qualquer outra empresa. E vindo a ocorrer isso, de perder formalmente sua marca para terceiros, o empreendedor pioneiro ficará sujeito até mesmo ao inusitado risco de ser demandado judicialmente a deixar de utilizar a marca a qual ele mesmo havia criado. Diferente da máxima popular, no mundo das marcas diz-se que pai é quem as registra.

 

NM: O escritório Auriz Barreira cuida de mais de 5000 mil marcas. Como proteger cada uma delas?

 

AN: Hoje, contamos com setores especializados no escritório e estamos munidos de softwares, programas próprios voltados ao monitoramento de nossas marcas. Isso nos possibilita acompanhar todo o trâmite das marcas de nossos clientes. Desde a busca de anterioridade, passando pelas fases dos exames formais e dos de mérito, observando as publicações oficiais que digam respeito a elas, a concessão do seu registro até as prorrogações das marcas de 10 em 10 anos. É um processo longo e de muita responsabilidade, pois estamos cuidando do maior patrimônio de uma empresa.

 

NM: Na prática, como funciona o processo de registro de marca?

 

AN: O primeiro passo para registrar uma marca é a realização da pesquisa de anterioridade – busca prévia – verificando se ela está livre, disponível. Junto a isso faz-se uma avaliação técnica, analisando se é possível registrá-la, se o seu uso não contraria a Lei da Propriedade Industrial. Concluindo-se pela disponibilidade e possibilidade do registro, recomenda-se que o requerimento da marca seja apresentado ao INPI no mais curto espaço de tempo possível. Analisamos também o segmento mercadológico do cliente, para avaliarmos qual a melhor estratégia de proteção da marca.

 

NM: Quais são as tendências para o registro de marcas e patentes?

 

AN: Em nosso país estamos prestes a lidar com uma nova modalidade de marca já em uso no cenário internacional, que é a “marca de posição”. Presente no mundo da moda, seu reconhecimento no Brasil poderá inovar o mercado interno dando aos empreendedores mais uma opção criativa na composição final da sua logomarca. Por exemplo, além do próprio nome e da respectiva logo, em breve será também objeto passível de reivindicação quanto à exclusividade por parte do titular a posição da marca onde ela deverá ser posta sobre o produto, de modo a reconhecer e assegurar juridicamente, mais ainda, a sua originalidade, reforçando o caráter de autenticidade do mesmo. 

Quanto às patentes, as expectativas são até mais sensíveis por dizerem respeito à necessidade por uma maior celeridade às avaliações dos projetos apresentados a registro. Esses procedimentos são os que mais demandam tempo para conclusão, não só pela complexidade da análise em si dos inventos, considerando o campo científico aplicado, mas também devido ao déficit de servidores analistas atualmente disponíveis no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que tem contratado muito pouco ultimamente, apesar de se tratar de entidade superavitária.

 

NM: Quais marcas vocês trabalham e como é cuidar delas?

 

AN: Nosso escritório foi o primeiro a enveredar na área da Propriedade Intelectual no Ceará há cinquenta anos. Desde então o reconhecimento e a gratificação têm sido muito grandes diante da confiança depositada por inúmeros clientes, os quais são todos importantes para nós. Cada êxito conquistado no mercado defendendo os sonhos deles, projetados nas marcas firmando sua identidade e os seus valores, traz consigo uma história memorável.

Podemos dizer com orgulho que representamos marcas dos mais diversos segmentos empresariais, literalmente do pequeno ao grande empreendedor, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas. Muitos deles são bastante conhecidos aqui e nacionalmente, porém todos atendidos da mesma forma e cuidados em suas marcas com igual senso de responsabilidade e zelo.

 

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