Entrevistas

Entrevista com Napoleão Torquato, Ilustrador e publicitário

Publicado em

15/04/2021 08h00

Compartilhe
  • Whatsapp
  • Linkedin

ESPECIAL DIA DO DESENHISTA

 

Napoleão Torquato, ou como prefere ser chamado: Napo (porque Napoleão é um nome muito sério) nasceu no começo dos anos 80 e carrega até hoje as referências dessa época. Desenha desde pequeno, incentivado por sua mãe, a artista plástica Côca Torquato e fez do passatempo seu ofício. Cursou Comunicação Social na UNI7 e de lá para cá trabalhou em agências e emissoras de tv sempre com enfoque na parte artística. Utiliza o analógico e o digital ao mesmo tempo, e adora ambas as formas de produzir, mas não se prende a nenhuma delas. 

 

1. Como surgiu sua relação com o desenho? Você já desenha desde criança?

Minha família tem alguns bons desenhistas, dos lados materno e paterno, acho que a genética influiu um pouco no meu gosto por desenhar e minha mãe teve um papel fundamental, pois me incentivou desde sempre a desenhar, pintar e principalmente, apreciar arte. Não recordo um período em que tenha parado, era o aluno que desenhava na sala de aula, produzia tirinhas usando os amigos como personagens e fazia animações de bonequinhos nos cantos dos livros. Até hoje, minha mãe é um dos meus principais incentivos, é bem comum mostrar meus trabalhos e perguntar “o que achou mamãe”?

 

2. Como você desenvolveu sua técnica de desenho? Você cursou alguma escola de desenho ou aprendeu sozinho mesmo?

Em um primeiro momento, imitação de HQs de Supers e revistinhas da turma da Mônica, Menino Maluquinho e outras do tipo. Olhava e copiava. Depois de um tempo, consegui desenhar os personagens sem copiar e ficava razoavelmente satisfeito com o que via. O tempo passou e aprimorei essa skill simplesmente porque desenhava demais. Mas chegou um momento em que isso não bastava, estava insatisfeito e precisava aprender mais, precisava de ‘finesse’, técnica. Procurei o Daniel Brandão, tive aulas particulares e fiz cursos com ele. E aprendi muito, mais do que imaginei, lhe sou muito grato e faço questão de ressaltar como ele acrescentou. Fiz também um curso de pintura digital com o pessoal da Massive Black, não conheço nenhum estúdio melhor do que eles em arte conceitual e digital. Surpreendentemente, as técnicas de aquarela, acrílico, nanquin e tinta guache, aprendi por conta própria, através da tentativa, erro e com paciência.

 

3. Em que momento você percebeu que seus desenhos poderiam lhe dar um retorno financeiro?

A partir do momento em que as pessoas começaram a me procurar para ilustrar livros e capas de revistas, e quando vi que saber ilustrar e pintar eram um diferencial no momento de uma contratação. 

 

4. Você já trabalhou com desenho publicitário? Qual diferencial o desenho impacta nas campanhas?

Sim, e gosto muito. Se percebermos que nossa espécie desenha desde sempre, inclusive como forma de promoção ou de autopromoção – cito como exemplo disso os desenhos rupestres de caça bem sucedida em cavernas – veremos que eles estão em praticamente todos os lugares, o que inclui campanhas publicitárias. As ilustrações se comunicam de forma ágil e rápida e por terem essa leitura fácil, podem adicionar leveza a uma campanha. Algumas campanhas em particular, funcionam de forma mais eficaz quando possuem desenhos, mesmo que com formas estilizadas e abstratas; eles são um facilitador de comunicação e a depender do caso, podem ser o principal elemento da campanha.

 

5. Quais são as suas referências e como você busca atualizações para suas artes?

É uma pergunta complicada, porque eu tenho muitas referências. Mas para ficar em algumas: Will Weisner, John Romita jr, Frank Miller, Jae Lee, Kentaro Miura, Kazuo Koike, Umid Peach e Caravaggio. Do Brasil, sempre gostei muito do Ziraldo, Angeli, Glauco e Laerte, principalmente pela subversão divertida característica dos seus trabalhos.

 

6. Poderia nos falar um pouco sobre suas inspirações para os desenhos? Como é o processo criativo?

Talvez pareça meio doido, mas antes de dormir busco criar uma forma mental do que vou desenhar no dia seguinte. Me concentro e imagino as linhas do desenho, sua geometria, sombras, seu peso. Imagino a produção da arte e como ela deverá ser finalizada. Ao acordar, essa imagem está muito vívida, é como se fosse uma espécie de esboço intangível a ser guiado pela mão para tornar-se físico; e isso torna o esboço em si, feito a lápis, muito mais rápido. Nem sempre consigo gerar essa forma mental, e nesses casos, antes de partir para algo definitivo, desenho as coisas mais aleatórias, coelhos tomando sorvete, carros voadores, minha filha vestida de gato, etc. Essa é uma forma de me “aquecer” para o que está por vir.

 

7. Poderia indicar ao Nosso Meio e aos nossos leitores alguma opção de livro ou podcast?

Indico “A Psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão”, é um livro que aborda de forma muito profunda, inclusive com base histórica e científica como as cores e suas combinações podem influenciar nosso comportamento e emoções. Todo mundo que gosta um pouquinho de arte, publicidade ou de decoração deveria ler.