Movimentos do mercado

Dia do Compositor: Artistas cearenses compartilham processo criativo em jingles publicitários

Publicado em

15/01/2021 15h46

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Para marcar o Dia Mundial do Compositor, celebrado no dia 15 de janeiro, o Nosso Meio convidou Wesdley Vasconcelos, músico e compositor cearense que em dezembro teve sua música escolhida pela ONU para combate à Covid-19. O profissional também é o idealizador do projeto Fábrica de Canções e atua na produtora Ritornelo Áudio Criativo. Além do artista, entrevistamos também o músico e compositor cearense, Fábio Amaral, que possui mais de 20 anos de carreira e é proprietário do estúdio Fábio Amaral Produções. Na entrevista, os artistas compartilham a forte atuação produzindo jingles publicitários, e falam também sobre a profissão e processo criativo para cada campanha.

 

Segundo Wesdley Vasconcelos, atualmente existe uma procura maior por músicas institucionais. “Eu percebo uma procura  por músicas mais complexas, mais líricas e de maior duração, em vez dos tradicionais jingles de 30 segundos com fins puramente comerciais. As empresas estão utilizando o som para transmitir ideias, sentimentos e valores. E nesse aspecto eu acredito que houve uma evolução do mercado”, diz.

 

Para Fábio Amaral, os jingles sempre tiveram muita força. “Por exemplo, macarrão Fortaleza, pipoca na panela, são músicas que marcam mesmo o produto e ficam, apesar de passar vários anos, tem gente que escutou isso quando era criança e até hoje recorda. Então existem ainda jingles tradicionais fortes, porém eu acredito que a internet trouxe uma vinculação que os jingles não possuem mais tanta força, hoje a parte visual chama mais atenção”.

 

Música escolhida pela ONU para combate à Covid-19 pelo compositor e multi-intrumentatista Wesdley Vasconcelos:

Desafios

Sobre os desafios em produzir um jingle publicitário, Wesdley conta que o principal é estabelecer uma conexão real com o cliente. É preciso também entender as necessidades comerciais, as aspirações institucionais e captar o referencial estético que faz sentido para aquela marca ou empresa. A ferramenta padrão para construir essa ponte entre compositor e marca é o briefing.

 

“Um briefing completo, que transmita bem a missão e valores da empresa, comunique o universo simbólico da marca e manifeste de forma clara as intenções da empresa com o jingle, é fundamental para o sucesso de um jingle. Contudo, nem sempre os briefings possuem essa riqueza de elementos. Aí cabe ao compositor ter a sensibilidade de aprofundar essa conexão por outros caminhos, desde o estudo da marca até a realização de reuniões criativas”, acrescenta Wesdley.

 

Fábio explica que entre os desafios estão o tempo, entender o objetivo em que o jingle será usado, se será pontual ou looping, pensar em uma música que fique na cabeça do ouvinte. “Outro desafio também é encaixar os nomes das pessoas, dos produtos porque muitas vezes não rima, e você precisa compor algo que faça com que seja agradável de escutar. E por último, entrar em um acordo com o cliente e com a empresa, pois muitas vezes o contratante não entende o processo de composição, quer uma velocidade diferente, colocar alguma informação que não cabe, o prazo curto”, complementa.

 

Processo Criativo

“Meu processo criativo é primeiramente simbólico e comunicacional, somente depois passa a ser estético-artístico. Isso significa que eu primeiro estudo todo o material da empresa, suas metas de marketing, suas estratégias de comunicação, plataformas, mídias e suportes. Depois dessa base é que inicio a criação artística propriamente dita, com a criação da letra, melodia, ritmo e arranjos. Cada etapa desse processo tem que ser pensada de acordo com cada cliente e cada estratégia. É preciso haver identificação plena entre a marca e o jingle”, explica Wesdley.

 

“Sabendo o tempo, para onde será veiculado, o ritmo, todas as informações, começo a composição da música, começo a montar todo esqueleto de como vai ficar a música. Jogo todas as informações no papel e vou encaixando na letra, aí o resto da inspiração vem do estudo musical, da experiência com música, de ficar sempre estudando e pesquisando o que acontece no mercado, eu abro a internet ou ligo a televisão e eu não assisto um comercial ou como usuário, escuto o jingle prestando atenção e analisando para ir ganhando referências e cada vez mais ideias para mais composições e mais possibilidades de mercado”, conta Fábio.

 

Jingles que marcaram

“Lembro que um dos primeiros trabalhos fiz um jingle para uma ótica do interior e foi muito divertida a apresentação do trabalho. Claro que é um trabalho bem sério, mas gostei por ser desafiador, incluir nomes difíceis, o nome da cidade era desafiador. E deu muito certo”, compartilha Fábio.

 

Para Wesdley Vasconcelos, entre os trabalhos que marcaram sua trajetória profissional foi a criação em parceria com o músico Igor Miná do jingle “A Nova Onda” da Nissan Jangada, uma recriação de um jingle para os 30 anos Chevrolet Sanauto”.

 

Assista:

 

Dia do Compositor

“É sempre importante buscar o reconhecimento das profissões, seja ela qual for. No caso das profissões artísticas esse reconhecimento é muitas vezes mais difícil pois esbarra em alguns preconceitos. Compreender o fazer artístico como algo complexo que reúne habilidades e saberes de diversas áreas do conhecimento humano ajuda a quebrar parte desses pré-julgamentos. E nesse sentido penso que a caminhada é longa mas está seguindo sempre em frente”, afirma Wesdley.