Movimentos do mercado

Descontinuação do El País no Brasil: André Filipe Dummar analisa o atual momento da indústria da notícia

Publicado em

21/12/2021 10h16

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O Diretor de Estratégia Digital do Grupo O POVO de Comunicação, André Filipe Dummar, compartilha sua perspectiva com o Nosso Meio.

 

O jornal espanhol El País anunciou na terça-feira (14) que encerrou suas atividades na versão brasileira. A notícia pegou jornalistas e leitores de surpresa. Segundo a carta endereçada aos leitores, a edição inaugurada em 2013 não alcançou a sustentabilidade econômica, apesar da audiência e número considerável de assinantes. Desde dezembro de 2019, o El País só operava na versão digital na América Latina também por motivação financeira.

 

Em menos de dois anos, três versões brasileiras de grandes veículos internacionais fecharam as portas. El País, BuzzFeed News e Huffpost integram a lista. Além de triste, o cenário é grave: ele escancara a fragilidade da imprensa em um momento histórico crucial para a democracia.

 

Desde que o jornal migrou das bancas para o digital e a ideia de assinatura de um veículo fechado diante do imenso bombardeio de informações disponíveis a um clique deixou de ser atrativa, as redações vivem uma batalha diária para repensar sua sustentabilidade financeira. Quando se trata de redações independentes, o problema vai além da falta de anunciantes. Por posicionamento, anunciantes sequer são o foco como apoio para o sustento do modelo de negócio, uma vez que o jornalismo independente preza, obviamente, pela sua autonomia.

 

Em análise sobre o tema, o Diretor de Estratégia Digital do Grupo O POVO de Comunicação, André Filipe Dummar, avalia o momento como uma nova estratégia de expansão. Para André, o ocorrido indica mais um movimento de mercado e de renovação da indústria de notícias para a dinâmica atual de mercado.

“O encerramento da edição brasileira do El País demarca uma nova estratégia de expansão do Grupo Prisa após sua potencial alternância de controle com o novo aporte de capital do conglomerado francês Vivendi em suas operações. Examinamos um trade-off entre ampliação geográfica e diversificação de receita a partir de canais de venda recorrentes com ênfase em assinaturas. Neste sentido, por um lado, o contingenciamento do mercado publicitário pesou, já que é a principal fonte de sustentabilidade econômico-financeira da operação brasileira. Isso aconteceu em decorrência da pandemia que trouxe uma queda próxima de 20% a nível nacional. Por outro lado, examinamos a implantação de um modelo exitoso de assinaturas digitais pagas em suas operações de língua espanhola (com a aquisição de quase 100.000 assinantes em 11 meses”, resume.

 

foto de destaque: reprodução