Responsabilidade

Como funciona uma agência de fact-checking?

Publicado em

18/04/2022 20h48

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Antes da existência das redes sociais, as notícias de veículos tradicionais, como jornais impressos, revistas, televisão e rádio, eram exclusivamente produzidas e apuradas por profissionais do jornalismo. 

 

Da década de 2000 para cá, o dinamismo da internet fez com que etapas essenciais do método jornalístico fossem negligenciadas. Por conta do advento de coberturas em tempo real, a checagem de fatos ante hoc (ou seja, feita antes da publicação) tornou-se etapa secundária da apuração e reservada apenas a grandes esforços de reportagem.

 

Nesse contexto, surgem as agências especializadas na checagem de informações. A proposta faz uma reinvenção do jornalismo para confirmar a autenticidade das informações, apontando dados inflados ou ocultos que possam afetar a opinião ou senso crítico público.

 

Governos, empresas de tecnologia e plataformas de redes sociais se empenham para criar mecanismos de defesa contra as notícias falsas, mas as fake news seguem causando estragos especialmente em período de eleição. E é por isso que as agências de fact-checking se tornam tão importantes.

 

Se um político jura que nunca foi acusado de corrupção, há registros judiciais que irão atestar se é verdade. Se o governo diz que a inflação diminuiu, é preciso checar nos índices se isso realmente ocorreu. E se uma corrente diz que há um projeto de lei para cancelar as eleições, é preciso conferir nas propostas em tramitação se essa informação é real.

 

O fact-checking é uma forma de qualificar o debate público por meio da apuração jornalística. De checar qual é o grau de verdade das informações. Reportagens do Buzzfeed e do The Guardian, por exemplo, mostraram que boa parte do conteúdo compartilhado na internet durante as últimas eleições nos Estados Unidos vieram de sites de notícias falsas. 

 

Situação semelhante aconteceu no Brasil na semana do impeachment de Dilma Rousseff, e durante as eleições de 2018. 

 

Embora tenham existido iniciativas pontuais na década de 1990, sobretudo na academia, foi em 2003 que uma fundação americana chamada Annenberg Public Policy Center criou o FactCheck.org, primeira plataforma perene de checagem, baseada nos Estados Unidos. 

 

O sucesso lá fora trouxe o fact-checking para o Brasil a partir de 2015 com a Agencia Lupa, considerada a a primeira agência de fact-checking criada no Brasil. A agência é membro do International Fact-Checking (IFCN), fundado pelo Poynter Institute, uma organização de jornalismo sem fins-lucrativos dos EUA. 

 

No Brasil, atualmente são nove organizações exclusivamente dedicadas a dizer se algo é verdadeiro ou não, ou ao menos indicar escalas de veracidade. No mundo, são 161 no total. Contudo, ainda é pouco pela demanda. “A gente precisa construir um ‘exército’ de checadores. Estamos em 15 aqui na Lupa. Se você somar todo mundo que faz checagem profissional no Brasil, você não chega a 50. Então, não dá conta, né? A gente precisa realmente criar um grupo bem treinado, capacitado e isento, capaz de entender seu papel como jornalista”, acredita Cristina Tardáguila, diretora da agência Lupa. 

 

Educação

Para fazer com que as pessoas tenham mais conhecimento sobre como reconhecer quando uma notícia falsa é enviada, a Google criou uma programa chamado “Be Internet Awesome” (“Faça a internet incrível”, em tradução literal). A ideia é criar uma série de jogos e outros conteúdos atrativos a crianças para conscientizar sobre pensamento crítico e como lidar com informações que chegam até elas. 

 

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